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Relações Internacionais e a luta antirracista: O que tem a ver?


Pode-se dizer que as Relações Internacionais surgiram como área de conhecimento que discute as consequências de disputas no campo internacional, no início do século XX, tocando, invariavelmente o “tema” imperialismo. Vale dizer que, muitos dos estudos das Relações Internacionais são baseados na relação saber e poder, que Foucault se dedica a analisar.

Nas relações inter-raciais, como o próprio nome sugere, são as relações estabelecidas entre pessoas de etnias diferentes. O Racismo, ainda que abominável, é um produto da relação de poder entre etnias: uma “raça” inferiorizando outra, de inúmeras formas. No caso brasileiro, os principais alvos do racismo são a população negra e indígena. Nesse momento, nos atemos ao racismo para com pessoas negras e o lugar majoritariamente ocupado por elas nas relações internacionais.

Antes de você pensar “Ah, mas eu conheço pessoas negras que fizeram relações internacionais”, “RI não tem a ver com política? Eu conheço pessoas negras que...”. Apesar de conhecermos pessoas negras que fazem várias coisas diferentes, é preciso reconhecer que essas pessoas merecem ser reconhecidas, não são regra para a população negra e tampouco para as discussões das R.I. A raça como categoria de estudo das Relações Internacionais não ocupa lugar de primeira importância para os teóricos da área, já que o estudos tradicionais não se dedicam à categoria.

Sobre isso, em entrevista à PGDEROLLE Internacionalista, Lia Maria, professora mestra em Gestão de Políticas Públicas Educacionais e Especialista em Culturas Negras do Atlântico, reflete que:


...existe um gap de acesso à informação entre negros e não negros. Na contemporaneidade, as relações internacionais estão pautadas por trajetórias transdisciplinares, somadas a um acúmulo de capital cultural oriundo de experimentação em diversos espaços e países que mais das vezes não é condição natural para a população afro-diaspórica em razão de aspectos econômicos de origem racial.

Dito isto, reconhecemos que os pressupostos de poder ditam-nos que existem perfis e espaços a serem ocupados tanto por negros(as) e brancos(as), quanto por mulheres e homens. Há um padrão de representatividade a ser rompido, em que negros(as) devem renegar a vitimização e praticar o empoderamento, e brancos(as) devem deixar de olhar corpos negros(as) como corpos fora de lugar quando não estão vinculados à servidão, à subserviência, à dança, à culinária e ao futebol.”


Antes de terminarmos essa discussão, é necessário lembrarmos que a luta antirracista que tem tomado protagonismo nos noticiários de TV é constante e, como pílulas, a tomamos todos os dias. Assim, refletir sobre nossas ações enquanto indivíduos nos permite entender, criticar e agir no sentido de mudança positiva nas relações interpessoais, raciais e internacionais.


Ah, não se esqueçam que:


- Racismo Interpessoal: é aquele praticado entre indivíduos. De pessoa para pessoa.

- Racismo Estrutural: está no cerne do país e do seu desenvolvimento social, de sua

cultura. - Não é possível que exista racismo contra brancos, devido o fato de que estes, nas

relações de poder nunca ocupam lugar de oprimidos.



Por Vitória Camillo, mediadora do Grupo de Estudos Em Relações Internacionais.


Referências:

Google (!) Lia Maria - Entrevista completa: <https://pgderolle.wordpress.com/2013/11/20/entrevista-negritude-e-relacoes-internacionais-a -luz-do-dia-da-consciencia-negra/> DESCOLONIZANDO AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS: a raça e o racismo como categoria de análise. Quadros, M. F. Revista dos Pós-Graduandos em História da UPF – ISSN 1677-1001 V. 18, N. 1, p. 39 - 57. Fev. 2019.


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